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Literatura

Barroco
Igreja da Ordem Terceira de São Francisco da Penitência, Rio, grande exemplo da talha joanina, obra dos portugueses Manuel de Brito e Francisco Xavier de Brito


Segundo o texto “Presença da Literatura Brasileira: origens e barroco” de Antônio Candido, a literatura brasileira surgiu no início do Brasil colônia, com as manifestações literárias voltadas para o quinhentismo português e para o seiscentismo peninsular.

Os aspectos do renascimento português e das tradições medievais foram determinantes para o início da literatura brasileira, sobretudo nas crônicas históricas e informativas do primeiro século da produção literária no Brasil. Já o seiscentismo dialoga com o barroco através do cultismo e o conceptismo.

O texto ainda ressalta que no século XVI, a crônica histórica e informativa se intensifica com as conquistas das grandes navegações e com o tempo passam a assumir um sentido épico e humanístico com certas peculiaridades: à curiosidade geográfica e humana e ao desejo de conquistas e de domínio, correspondendo ao deslumbramento diante da paisagem exótica e exuberante. Depois, começa a aparecerem as idéias da catequese expressas pelos jesuítas, sendo essa uma literatura de caráter mais pedagógico (com destaque para Pe. José de Anchieta).

Na poesia, nota-se uma literatura baseada nos clássicos renascentistas, sobretudo na obra de Camões. A linguagem e a forma do modelo de poesia camoniana são constantes na literatura brasileira desde o barroco até os dias atuais. Daí pode-se observar a importância e a influência desse escritor para a história e desenvolvimento da nossa literatura.

O barroco nos séculos XVII e XVIII apresenta uma oposição ao classicismo português, à medida que deixa de ter um caráter racional e normativo e passa a ter um caráter libertador, amante da força e voltado para a paisagem e apegado ao espírito pagão.

O cultismo era focado no som e na forma, tendendo para a exaltação sensorial. Já o conceptismo, focava-se no significado da palavra, apresentando tendência para o abusivo jogo de vocabulário e de raciocínio, para a agudez ou sutileza do pensamento, porém, ambos têm ascendência renascentista.

De uma maneira geral, o texto ressalta as principais características da linguagem barroca: a elegância, o poder criador da imaginação exaltada, o predomínio da ideia abstrata, a valorização dos sentidos, a temática preferida, desde as trivialidades até aos temas eternos. Uma linguagem derivada do latim com vocábulos raros é muito presente nas obras barrocas. Há também uma preocupação com o uso de recursos estilísticos. Essas características estão presentes em variados gêneros do barroco, como na poesia, na prosa, no teatro com os moldes da tragédia greco-latina etc.

Por fim o autor do texto descreve a temática barroca, com sua ânsia de valorização da experiência humana, os estados contraditórios, a exaltação dos sentidos e da reflexão. A essência da temática barroca encontra-se na antítese entre vida e morte, na inquietação causada pelo escoamento do tempo refletido na condição humana.
(Fonte: CANDIDO, Antônio. Presença da Literatura Brasileira: das Origens ao Realismo. São Paulo: Bertrand Brasil, 2005.)




Viajantes (relatos sobre o Brasil, séculos XVI a XIX)


Lúcia Gaspar
Bibliotecária da Fundação Joaquim Nabuco


Os viajantes eram pessoas de ambos os sexos, de classes sociais variadas, profissão e formação intelectual diversificada, que descreveram aspectos do Brasil, através de crônicas, relatos de viagem, correspondência, memórias, diários, álbuns de desenhos.
O conjunto de obras deixadas por eles integra a chamada literatura de viagem e se constitui numa literatura de testemunhos, cujos registros e observações ajudam a conhecer a realidade do Brasil da época.
A presença de viajantes estrangeiros e seus relatos publicados sobre o Brasil, datam do século XVI. Existem mais de 260 obras, em várias línguas, onde os autores falam dos habitantes, vida social, usos e costumes, fauna, flora e outros aspectos da antiga colônia portuguesa, principalmente durante o século XIX, depois que Dom João VI decretou abertura dos portos brasileiros, em 1808. Com abertura dos portos houve um incremento da navegação e o conseqüente aumento da presença estrangeira no país.
O primeiro a narrar a história primitiva do país foi Pero Vaz de Caminha, em carta que enviou a D. Manoel I, Rei de Portugal, quando encontrou a Terra de Santa Cruz.
Ainda do século XVI são também os relatos de Hans Staden, Viagem ao Brasil (1557) e o de Jean de Léry, Viagem à terra do Brasil, (1574).
Dessa grande quantidade de estrangeiros, viajantes e aventureiros (ingleses, franceses, alemãs, portugueses), que escreveram suas impressões e crônicas sobre o Brasil, pode-se destacar alguns que estiveram no Nordeste brasileiro e fizeram seus relatos sobre a região.
Uma das melhores narrativas sobre o Nordeste na primeira metade do século XIX, é a do inglês Henry Koster, que escreveu o livro Travels in Brazil, publicado em Londres, em 1816. Em 1898, foi traduzido por Antônio C. de A. Pimenta e publicado na Revista do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano. Porém, sua primeira edição em livro no Brasil é de 1942, com tradução de Luís da Câmara Cascudo sob o título Viagens ao Nordeste do Brasil.
Como uma complementação ao relato de Koster, o francês Louis François de Tollenare escreveu, entre 1816 e 1818, um diário onde aborda aspectos importantes da vida social e política, usos e costumes, festas populares, escravidão, movimentos políticos e economia da sociedade da época. As partes referentes aos estados de Pernambuco e da Bahia foram traduzidas por Alfredo de Carvalho e publicadas sob o título de Notas dominicais, nas Revistas do Instituto Arqueológico e Geográfico Pernambucano, em 1904 (v.61), e doInstituto Histórico e Geográfico da Bahia, em 1907 (v.14).
Um outro relato importante é o James Henderson, viajante e diplomata inglês que esteve no Brasil de 1819 a 1821 e escreveu o livro (ainda sem tradução para o português), A history of Brazil: comprising its geography, commerce, colonization, aboriginal inhabitants (Uma história do Brasil: compreendendo sua geografia, comércio, colonização, habitantes aborígenes), publicado em Londres, em 1821.
O alemão Johan Moritz Rugendas tem uma obra significativa para o estudo das características físicas, hábitos e costumes da população negra e índia, assim como dos mulatos e mestiços que formam hoje a chamada raça brasileira. O livro foi traduzido para a língua portuguesa e publicado, em 1940, sob o título Viagem pitoresca através do Brasil.
Outro relato importante sobre o Brasil e o Nordeste do século XIX é o da inglesa Maria Graham, que esteve por três vezes no país e escreveu o Diário de uma viagem ao Brasil e de uma estada nesse país durante parte dos anos de 1821, 1822 e 1823 (título em português), publicado na Série Brasiliana, v. 8, em 1956.
Dois cientistas alemães, Johan Baptist von Spix e Karl Friedrich Philip von Martius, realizaram uma grande viagem pelo interior do Brasil, entre os anos de 1817 e 1820, percorrendo várias províncias, seguindo através do rio São Francisco, por Minas Gerais e Bahia, passando pelo sertão de Pernambuco, Piauí e Maranhão, analisando e fazendo anotações sobre as populações rurais. Suas anotações foram traduzidas para o português e publicadas pela Imprensa Nacional, sob o título Viagem pelo Brasil, em 1938.
Richard Francis Burton foi um dos maiores viajantes ingleses do século XIX. Em 1865, foi nomeado cônsul britânico em Santos e, em 1867, conseguiu permissão para uma viagem pelo Brasil, que durou cinco meses. Visitou o Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paulo Afonso, na Bahia, indo até Penedo, em Alagoas, seguindo pelo rio São Francisco, que denominou de “Mississipi brasileiro”. Suas observações foram registradas no livro, Explorations of the highlands of the Brazil, publicado em Londres, em 1869 e traduzido para o português com o títuloViagens aos planaltos do Brasil (1941).
As narrativas dos viajantes, reunidas em livros, impressos às vezes em mais de uma edição e em diversas línguas, fizeram muito sucesso na época, sendo disputados pelo público interessado em descrições de povos e costumes exóticos.
Os viajantes foram, portanto, os grandes cronistas da vida brasileira dos séculos XVI a XIX, descrevendo em suas obras aspectos da terra, da gente, dos usos e costumes do Brasil. Todas as obras citadas no texto podem ser consultadas na Biblioteca Central Blanche Knopf da Fundação Joaquim Nabuco.
Recife, 29 de junho de 2004.
(Atualizado em 9 de setembro de 2009).
FONTES CONSULTADAS:
ANJOS JÚNIOR, João Alfredo dos (Org.) Viajantes ingleses no Nordeste do Brasil no século XIX. Recife: Fundaj; Instituto de Documentação. Biblioteca Central Blanche Knopf; The British Council, 1991. [Não paginado]. Catálogo de exposição bibliográfica.
CALDEIRA, José de Ribamar C. O Maranhão na literatura dos viajantes do século XIX. [São Luís]: Academia Maranhense de Letras; Edições AML/Sioge, 1991. 93p.
SILVA, Leonardo Dantas. Viajantes: a paisagem vista por outros olhos. Ciência &Trópico, Recife, v.28, n.2, p.249-260, jul./dez. 2000.
Fonte: GASPAR, Lúcia. Viajantes (relatos sobre o Brasil, século XVI a XIX). Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco, Recife. Disponível em: <http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/>. Acesso em: 15 de junho de 2013.


Pero Lopes de Sousa

Navegador português. Participa da primeira expedição de colonização do Brasil ao lado do irmão, Martim Afonso de Sousa. Deixa preciosos relatos sobre a fundação da primeira vila da Colônia e da descoberta de outras regiões do país. Pero Lopes de Sousa (1497-1539) nasce em Lisboa, primogênito de família de alta linhagem. Vive na corte e, ainda jovem, torna-se navegador. Logo chega ao cargo de imediato da esquadra real de Portugal. Em 3 de dezembro de 1530 parte com o irmão Martim Afonso de Sousa para explorar terras brasileiras, em missão ordenada pelo rei dom João III. Entre novembro e dezembro do ano seguinte viaja pelo estuário do rio da Prata e, em meados de 1532, decide voltar a Portugal. A caminho da Europa, aprisiona dois navios franceses em Pernambuco. Como retribuição pelos serviços prestados, recebe 50 léguas de terras no litoral norte do Brasil, que nunca ocuparia. Em 1539 parte novamente de Lisboa como capitão-mor de uma esquadra de seis navios com destino à Índia. Ao retornar da expedição, no mesmo ano, naufraga em São Lourenço, perto de Madagáscar. Seu corpo desaparece no mar. Em 1839, o historiador brasileiro Francisco Adolfo de Varnhagen descobre seu Diário de Navegação – 1530-1532, obra na qual Pero Lopes narra, além de sua vida e a do irmão, episódios como a fundação da vila de São Vicente, a primeira do Brasil Colônia, e os descobrimentos do Rio de Janeiro, do rio da Prata e da ilha de Fernando de Noronha.


Língua Portuguesa

Frase: unidade linguística de comunicação que caracteriza-se por uma entonação própria da situação em que se realiza. Pode constituir-se em uma única palavra ou em enunciados mais complexos.
Exemplos:
                    Tudo bem?
                    Você já fez a lição?


Oração: frase que se  presta a uma analise sintática e seus constituintes e que deve exibir, de maneira clara ou oculta, um núcleo verbal. Na maioria das vezes, a oração reúne duas unidades significativas, chamadas sujeito e predicado.
Exemplos:
                   A menina comprou um livro.
                   A tempestade arrancou as árvores.


Período: todo enunciado que se comporta como oração, podendo ser simples ou composto. É iniciado por letra maiúscula e termina com um sinal de pontuação final (interrogação, exclamação ou reticências).
Período Simples: Contém apenas um núcleo verbal (uma oração).
Período Composto: Contém mais de um núcleo verbal (duas ou mais orações).
Sujeito: se toda oração deve necessariamente apresentar um núcleo verbal, o mesmo se pode dizer do sujeito, este de natureza gramatical e não meramente semântica. O sujeito da oração é de natureza substantiva e ocupa preferencialmente a primeira posição do SVC (sujeito+verbo+complemento). De maneira prática, todo termo da oração (não preposicionado) que puder ser substituído por um pronome reto (ele[s],ela[s]) será o sujeito. O sujeito classifica-se em:
Simples:  Quando é formado por um único núcleo substantivo;
Composto: Quando é formado por dois ou mais núcleos substantivos;
Oculto: É marcado na desinência verbal, portanto não aparece explicitamente na oração;
Indeterminado: Quando o verbo da oração estiver na 3ª pessoa do plural ou na 3ª pessoa do singular acompanhado com o pronome se;
Inexistente: É o caso das orações sem sujeito, ou seja, quando não se pode substituir nenhum termo da oração por pronomes retos e nem se pode acrescentar qualquer pronome à oração.
Predicação: É o estudo que consiste em observar de que maneira se comporta o movimento semântico dos verbos na oração.


Classificação dos Verbos:
 Verbo de ligação (VL): são aqueles esvaziados de sentido, comportam-se na oração como meros conectores, geralmente ligam o sujeito ao predicativo do sujeito.
EX: As flores estão murchas.

Verbos Significativos: detém em significado do mundo a nossa volta. São classificados em:
Verbo Intransitivo (VI): detém 100% de significado, portanto não precisa de complementos.      
EX: Maria acordou.

Verbo Transitivo Direto (VTD): possui significado incompleto, pois pede apenas um complemento obrigatório não preposicionado. Está diretamente articulado a esse complemento, que por sua vez, receberá o nome de objeto direto.  
EX: Pedro abriu a porta.

Verbo Transitivo Indireto (VTI): possui significado incompleto, pois pede apenas um complemento obrigatório preposicionado. Está indiretamente articulado a esse complemento, que por sua vez, receberá o nome de objeto indireto.  
EX: Juliana foi à feira.

Verbo Transitivo direto e indireto (VTDI): possui significado incompleto, pois pede dois complementos obrigatórios, um não preposicionado e outro preposicionado. Está articulado a esses dois complementos (objeto direto e objeto indireto).  
EX: O professor pediu desculpas aos alunos.

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